Cartas extraviadas V ®

Leo

Tantas noites lembrei daquela cena: você andando, olhando para trás, esperando algum rompante que desse fim àquele adeus. Eu, tão estudada e perspicaz, fui incapaz de qualquer ação que te impedisse de partir. Fiquei ali, parada, olhando a sua mão no vidro da última poltrona, sem um soluço sequer. Casablanca, a última e mais triste cena, vendo o avião decolar.

Ainda hoje lembro dos seus dedos entre os nós dos meus cabelos, da sua boca desesperada diante do beijo que eu recusei. Deixei você voar para longe de mim, sem prever a dor que entraria em seu lugar.

Você foi e eu não fiz nada. Talvez minha sina seja mesmo ficar. Ficar lastimando a minha falta de ação, a covardia na hora de dizer o que estava represado, a falta de tino para abraçar o imprevisto e embarcar naquela viagem antes de ter tempo de desistir.

Não pense que a sua ausência passou por mim sem deixar seus rastros. Ainda carrego a lembrança do seu olhar ensopado, das suas palavras benditas na sala de embarque e o seu retrato escondido dentro de um guardanapo.

Vi você dizer adeus sem derramar uma lágrima. Fui forte como você previu e só dei lugar ao pranto quando me dei conta que você não ía voltar. Guardei meu coração clandestino dentro de um calendário, onde marco meu sofrimento diário com essa aflição que já tem mais de um mês.

Rita

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Obrigada!

Rafaela Figueiredo do Rio de Janeiro (fevereiro e março… aquele abraço – era assim Rafa?!)/ Alessandro Milke de Alecrim/ Marcelo Cruz de São Paulo e Juan Garcia do Uruguai.

Recebi e já respondi.

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Quando chega a sua cartinha, hein!?

Faltam 9 dias!

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