Profissão: sereia! ®
20/08/2009 at 9:42 AM 13 comentários
Tenho claustrofobia. Fujo de tudo o que me sufoca. Lugares pequenos e água. Não de banho que é essa coisa aberta e arejada, mas de água fechada. Um aquário, por exemplo. Morro de dó daqueles peixinhos nadando de um lado pro outro e batendo a cara na parede de vidro. Por isso são tão frágeis, por isso morrem em série. Pobres animais condenados.
O mar também me assusta, e olha que estou bem familiarizada com a palavra. O mergulho e a possibilidade de ficar embrulhada no meio de uma onda é uma das imagens mais aterrorizantes que existe. Já aconteceu comigo e ser acordada por três salva-vidas e um bando de curiosos não foi exatamente a experiência perfeita. Imaginem se ainda tivesse o detalhe do escafandro. Deusolivreguarde!
Deve ser por essas coisas que fujo de tudo o que me sufoca. Vale pra amigos, trabalho e amor. Especialmente o último ítem. Coleciono namoros relâmpago por isso, eu acho. A coisa vai muito bem, obrigada, até que aquele anjo que se mostrava tão feliz e encantado com a mulher independente e livre bota as asinhas de fora: almoço em família. Certo, sou uma insensível. Mas precisava ter reunido as dezoito gerações em uma festa cigana e ter entregue um par de alianças no meio de um monte de velhinhos encantados com a situação exatamente no aniversário de dé-ci-mo dia de namoro? Beijos, me liga. Mando o anel lindo e enfeitadinho amanhã pelo correio.
Não gosto desses rituais impositivos. Sinto-me agredida. Esse é o tipo de coisa que se faz sozinho, escondido, em comum acordo. Não sonho com um circo para decidir os próximos passos da minha vida. Já pensou que mico, depois, se a coisa não engrena e você não tem nem um tubo de ventilação? Liberdade compartilhada. É disso que me oxigeno.
Lembro-me, ainda pequena, de meus avós perguntando, a mim e a meu primo, quais eram as coisas que nos assustavam. Thiago morria de medo do fogo. Já havia se queimado algumas vezes e qualquer possibilidade de incêndio, mesmo que em tamanho mini, fazia o menino chorar. A pergunta dos medos vinha seguida da pergunta das profissões (antes que os dois abrissem o berreiro e ninguém mais conseguisse nos acalmar). “O que vais ser quando crescer?” Ele, no auge da valentia, respondia com voz forte: “bombeiro!”, e saía para brincar. Eu, ainda tímida, na minha coragem poética, não podia ficar atrás:
– Quando eu crescer, vou ser SE-REI-A!
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1. Edith Janete Schaefer | 20/08/2009 às 11:43 AM
As sereias são escorregadias… Levam o navegador ao fundo do abismo para matá-lo com seu canto sedutor. Elas não amam. Foi só Ulisses que se salvou destas potentes sedutoras…
Espero que tu sejas como a Ariel, bem mais fofinha…hehe
2. marjoriebier | 20/08/2009 às 11:44 AM
Não sabia disso aos 5 anos… rsrsrsrs…. mas tb espero!
3. Guilherme Maron | 20/08/2009 às 11:45 AM
Mas as serias (sirenes) da mitologia grega não mergulhavam, e sim voavam nas pedras, pois aram criaturas com corpo de ave e cabeça de mulher, portanto não podiam mergulhar, como a sereia da Marjorie, que mergulha em cerveja …
4. Edith Janete Schaefer | 20/08/2009 às 11:50 AM
Ah! Nunca te disse que gosto de sereias? hehe…coloquei um trecho de meu memorial , tarefa do mestrado, no meu blog: http://erupcao.blogspot.com/
Passa lá!
5. Marininha | 20/08/2009 às 12:25 PM
Adoooooro teus seres fantásticos!
6. marjoriebier | 20/08/2009 às 12:29 PM
Seria Henry Muller a sereia de Anaïs Nin?
7. Enrico | 20/08/2009 às 1:42 PM
Marjorie Bier, sereia dos trópicos!!!
8. marjoriebier | 20/08/2009 às 2:35 PM
Não, obrigada!
9. Clau | 20/08/2009 às 3:57 PM
rsrsrs… eu consigo te imaginar, pequenininha, toda refestelada, dizendo isso e rebolando. Figuraça!
10. Rafael Dreweck | 20/08/2009 às 4:08 PM
Sua sedutora inveterada!!!! Mas ela ama, sim…
11. Rafaela | 20/08/2009 às 5:11 PM
hahaha
sempre com este humor afinadíssimo! [ainda estou nos superlativíssimos! rs]
“Liberdade compartilhada. É disso que me oxigeno.” – pra mim, é A frase do texto! é algo, realmente, difícil de se democratizar hj em dia (?).
besos
*ah, pedido atendido no cadavezmaislouca! o/
12. Renata | 21/08/2009 às 12:14 AM
Que texto encantador…
O mar também me assusta. Só que sempre me obrigo a vencer o medo! Por isso, já mergulhei três vezes: duas com snorkel e uma com oxigênio. Desci 13 metros e me dei por satisfeita.
Mas você? Queria além! Queria ser uma sereia! : )
Lindo!
13. Edith Janete Schaefer | 21/08/2009 às 6:24 AM
Siiiim, Henry foi a sereia de Anais!!! Mas vamos e convenhamos… Nada como uma sereia em nossa vida!! Sou doidinha por abismos e sereias! Claro, vivo a margem disso tudo, só olhando…e isso por si só, é muito bom!
(Não consegui colocar teu comentário no meu blog, sei lá o que se passa no blogger…)